Sofremos de uma doença que se manifesta de maneiras anti-sociais, e que torna difícil a detecção, o diagnóstico e o tratamento.
Um aspecto da nossa adicção era a nossa incapacidade de lidar com a vida como ela é.
Experimentavámos drogas e combinações de drogas, tentando lidar com um mundo aparentemente hostil. Sonhavámos encontrar uma fórmula mágica que resolvesse o nosso maior problema - NÓS MESMOS. A verdade é que não conseguimos ter êxito, usando qualquer substância que alterasse nossa mente ou modificasse nosso humor, inclusive MACONHA E ÁLCOOL. As drogas haviam deixado de nos fazer sentir bem.
AS FUNÇÕES MENTAIS E EMOCIONAIS MAIS ELEVADAS, COMO A CONSCIÊNCIA E A CAPACIDADE DE AMAR, FORAM FORTEMENTE AFETADAS PELO NOSSO USO DE DROGAS.
Nossa habilidade de viver ficou reduzida ao nível animal Nosso espírito estava em pedaços. Tínhamos perdido a capacidade de nos sentirmos humanos. Parece exagero, mas muitos de nós estiveram nesse estado mental.
Como adictos, temos uma doença incurável chamada adicção. A doença é crônica, progressiva e fatal. No entanto, é uma doença tratável. Sentimos que cada um deve responder à pergunta: "Sou um adicto?" Para nós, não tem qualquer importância imediata sabermos como contraímos a doença. O que nos interessa é a recuperação.
Estávamos constantemente em busca da resposta – aquela pessoa, aquele lugar, aquela coisa que iria resolver tudo. Faltava-nos a capacidade para lidar com o dia-a-dia.
À Medida que a nossa adicção progredia, muitos de nós se viram entrando e saindo de instituições.
A NOSSA EXPERIÊNCIA DEMOSTRA QUE A MEDICINA NÃO PODE CURAR NOSSA DOENÇA
Compreendemos que nunca estaremos curados e que conviveremos com a doença pelo resto de nossas vidas. Temos uma doença, mas nós nos recuperamos. A cada dia é nos dada uma nova oportunidade. Nossa adicção nos escravizara. Começamos a tratar a nossa adicção parando de usar.
Muitos de nós procuraram respostas, mas fracassaram em encontrar qualquer solução prática, até que encontramos uns aos outros. Quando nos identificamos como adictos, a ajuda torna-se possível. Podemos ver um pouco de nós mesmos em cada adicto e ver um pouco deles em nós. Esta compreensão permite que nos ajudemos mutuamente. Nosso futuro parecia desesperador, até que encontramos adictos limpos, dispostos a partilhar conosco. A negação da nossa adicção permitiu-nos parar de usar. As pessoas em recuperação disseram-nos que eram ADICTOS EM RECUPERAÇÃO, QUE TINHAM APRENDIDO A VEVER SEM DROGAS. Se eles tinha conseguido, nós também conseguiríamos.
Certas coisas foram acontecendo à medida que continuamos usando. Nós nos, habituamos a um estado de espírito comum aos adictos. Esquecemos como eram as coisas antes de começarmos a usar; esquecemos dos comportamentos sociais. Adquirimos hábitos estranhos e maneirísmos. Esquecemos como se trabalha; esquecemos como se brinca; esquecemos como nos expressar e como demostrar interesse pelos outros. Esquecemos como sentir.
Talvez tenhamos tentado moderar, substituir ou, até mesmo, parar de usar, mas passamos de uma fase de sucesso e bem estar com drogas para uma completa falência espiritual, mental e emocional.
Aqueles de nós que não morrem da doença vão para a prisão, instituições psiquiátricas, ou para a completa desmoralização, à medida que a doença progride.